Cinquena sessió

‘Fomos vítimas da radioactividade’:

Miners de l’urani i ciència nuclear a Portugal

Dimarts 11 de juny, a les 17:30h,

a la Faculdade de Ciências da Universidade de LisboaCidade Universitária, Lisboa

Cinquena sessió del cicle ‘CTM a les Places’

Cartell Vítimas de Radioactividade

Aquesta taula rodona, coorganitzada entre la Societat Catalana d’Història de la Ciència i de la Tècnica i el Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (http://ciuhct.org/), vol creuar els sabers dels ex-miners de l’urani portuguesos que han lluitat pel reconeixement i reparació de les conseqüències de salut i ambientals de la radioactivitat, amb el d’historiadores que s’han apropat d’una manera crítica a la història ambiental, social i política de la mineria i de la radioactivitat a la Península Ibèrica.

Intervindran d’entrada António Minhoto i altres membres de l’Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), Paulo Guimarães (historiador, Universidade de Évora) i Clara Florensa (historiadora de la ciència, Escoles Universitàries Gimbernat), passant després a un debat entre el públic assistent. Durant la taula rodona tindrà lloc la presentació del llibre Para além do fim das minas de urânio em Portugal, de la periodista Liliana Garcia.

“No és un turó: és l’escombrera radioactiva d’Urgeiriça”; Març 2019. Imatge de Jaume Valentines Álvarez

En aquesta nova taula rodona es pretén continuar el debat sobre les tecnologies nuclears de la sessió anterior, però posant el focus en un aspecte del cicle de l’urani menys visible a les àgores públiques que les centrals nuclears: la mineria de l’urani. Si bé recentment grans historiadores de la tecnologia com Gabrielle Hecht han estudiat els riscos quotidians i “banals” de l’extracció de minerals radioactius a països africans com Namíbia (en contraposició als riscos “excepcionals” associats a l’armament i els accidents nuclears), aquesta qüestió ja havia estat àmpliament debatuda amb arguments mèdics i científics dins de les lluites anti-nuclears dels anys 1970 i 1980 a la Península Ibèrica. Tal fou així que, per exemple, els projectes previstos de mineria a Catalunya (específicament, a la Segarra, la Garrotxa, la Selva i Osona) no van arribar a desenvolupar-se (vegeu “Informe Camon-I”, 1979). Tot i així, a altres llocs de la Península, en particular a Urgeiriça (Viseu, Portugal), les mines d’urani van seguir sent explotades fins a finals de segle XX tal com ho havien estat des d’inicis de segle, amb condicions laborals precàries i espais residencials afectats per la radioactivitat. Tan sols ha estat recentment, després de les mobilitzacions i reclamacions legals dels ex-miners i les seves famílies, sostingudes per informes mèdics i articles científics, que la llei 10/2016, publicada al Diário da República, va establir “o direito a uma compensação por morte emergente de doença profissional dos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio”. Quin paper va jugar la ciència en la lluita dels miners i en la configuració de la legislació? Quin paper van tenir les mobilitzacions socials en l’atenció científica a les conseqüències quotidianes de la radioactivitat?

(presentació més extensa, en portuguès, a sota)

Cicle organitzat per: Jaume Valentines Álvarez (CIUHCT-UNL) i Jaume Sastre Juan (CIUHCT-UL).

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La sessió va ser enregistrada en vídeo i pot ser visionada a: https://youtu.be/WrjlFVIDvnw

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Testimonis d’Urgeiriça: “Nós na Urgeiriça tínhamos tudo: não sabíamos o mal que esse ‘tudo’ nos trazia”, “[Os trabalhadores] vinham para a casa com a roupa cheia de pó”, “Quando arrancaram a banheira estavam lá à vista dois pedregulhos de urânio”, “O tia, tu não me arranjas uma pedra de urânio?”,“Os materiais para as fundações dos edifícios foram trazidos das escombreiras”, “Não se falava dos perigos da radioactividade”, “Éramos mesmo muito ignorantes”, “não se falava nisso”, “Uma mancha negra num pulmão alguma importância tinha que ter, não é?”, “O cancro apanhou-o”, “Aquilo tem sido uma razia”, “Somos como os lagartos. Cortam-lhes o rabo e este volta a nascer”, “Uma vez, na empresa, vi desenrolarem um rolo fotográfico, estava tudo furadinho só por estar em contacto com a radioactividade. Aquilo meteu-me confusão. Perguntei a razão e alguém disse que era das radiações e pensei ‘poxa!’ Depois, ocorreu-me que se na empresa fazíamos raio-X todos os anos é porque devia estar relacionado”, “Tinha que ser assim. Certamente será uma forma de a gente se proteger, para não se revoltar”, tinha que ser? “É comum ouvir-se de quem trabalhou nas minas a afirmação de que nunca ninguém se preocupou em esclarecer se o urânio era ou não prejudicial à saúde, nem as direções das minas alguma vez levaram a cabo qualquer ação informativa ou pedagógica sobre os perigos da radioactividade. Daí não surpreender que praticamente em todas as casas exista uma ‘pedrinha’ do minério, coisa bonita a servir de pisa-papéis”… (extrets dels llibres editats per la ATMU A vida dos trabalhadores do Urânio ‘Trabalho Ruim’, de Carlos Jorge Mota Veiga e Para além do fim das minas de urânio em Portugal, de Liliana Garcia).

Membres de l’ATMU en un acte reivindicatiu cantant una versió portuguesa de l’himne miner astur-lleonés “Santa Bárbara bendita”; Març 2019. Imatge de Jaume Valentines Álvarez

Versió en PDF

Presentació en portuguès:

DEBATE “’Fomos vítimas da radioactividade’: mineiros do urânio e ciência nuclear em Portugal”

Com a participação de membros da Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), Paulo Guimarães, historiador da Universidade de Évora, Clara Florensa, historiadora da ciência das E.U. Gimbernat, e o público assistente.

As praças, as ruas, os tascos e os centros sociais são lugares onde se debate e se resiste quotidianamente à políticas tecnológicas em diálogo ou em confrontação com a academia, onde se contesta, cria e regula conhecimento e reconhecimento científico, onde se põe em causa a autoridade científica junto com a autoridade política, onde se criticam uns peritos com a palavra de outros peritos ou com a palavra das experiências próprias.

O ciclo “Ciência, tecnologia e medicina nas praças” -iniciado em Barcelona em 2012 e celebrado em Lisboa este ano pela primeira vez- tem como objectivo criar outras “praças” de reflexão compartida entre saberes subalternos e activismos académicos. Neste sentido, o objectivo não é confrontar os discursos dos académicos com os dos activistas, mas reforçar o diálogo, a solidariedade e a afinidade entre diferentes pessoas -sejam peritas ou leigas, profanas-leigas ou académicas- que põem a ciência no centro do seu olhar crítico e das suas prácticas de transformação.

As sessões anteriores têm tratado sobre a normalização dicotómica de género e a transexualidade (2012), a circulação global do arame farpado e o anti-especismo (2014), as resistências directas aos alimentos transgénicos (2015), e a história do movimento anti-nuclear ibérico (2018). Nesta nova sessão, pretende-se continuar o debate sobre as tecnologias nucleares, desta vez colocando o foco num aspecto do ciclo da energia nuclear menos visível nas ágoras públicas: a minaria do urânio. Ainda que historiadoras como Gabrielle Hecht tenham centrado o seu trabalho recente nos riscos quotidianos e “banais” da extração de minérios radioactivos em países africanos como Namíbia (em contraposição aos riscos “excepcionais” associados ao armamento e aos acidentes nucleares), esta questão já tinha sido largamente debatida, com argumentos médicos e científicos, durante as lutas anti-nucleares dos anos 1970 e 1980 na Península Ibérica (por exemplo, uma rede ibérica de oposição à minaria do urânio foi criada logo a seguir ao fim dos regimes ditatoriais). Se bem em Espanha muitos projectos foram paralisados, em Portugal (e, especialmente, em Urgeiriça, Viseu) as minas de urânio continuaram a ser exploradas da mesma forma em que o tinham sido durante décadas, aumentando em graus dramáticos a toxicidade acumulada dos espaços laborais, domésticos e ambientais. Só recentemente, depois das mobilizações e reclamações dos trabalhadores, ex-trabalhadores e das suas famílias (a través principalmente das associações AZU e ATMU), uma lei (10/2016) publicada no Diário da República estabeleceu “o direito a uma compensação por morte emergente de doença profissional dos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio”. Além disso, políticas de “reparação técnica” e (parcial) recuperação ambiental das aldeias e bacias associadas têm sido desenvolvidas. Uma dor irremediável. Uma dívida de milhões de euros. Uma herança de milhares de anos.

Qual foi o papel que teve a ciência nas lutas dos trabalhadores das minas e na configuração da legislação? E qual foi o papel destas lutas na mobilização de cientistas, médicos e engenheiras na visibilização das consequências da invisível radioactividade?

Como as comunidades mineiras reforçaram ou puseram em causa a “verdade científica” com a verdade que levavam na própria pele e memória? Como utilizaram os informes técnicos e dados científicos? Que apoios e tensões encontraram com instituições científicas ou membros de organismos estatais como a JEN, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o Laboratório de Física e Engenharia Nuclear, o Laboratório Oncológico de Coimbra, o Gabinete de Proteção Radiológica da ENU, os postos médicos locais…? Qual foi o papel da associação ATMU e a sua Comissão Técnica Científica de Saúde? E a relação com a Comissão Técnica do Programa de Intervenção de Saúde?

A sessão reunirá ex-trabalhadores do urânio que têm lutado pelo reconhecimento científico e legal das consequências de saúde e ambientais da radioactividade (uma luta que começou muitos anos atrás e chegou aos parlamentos europeu e português), com historiadores do ambiente e da ciência que têm estudado conflictos mineiros e políticas nucleares na Península Ibérica.

A sessão é organizada pelo Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (http://ciuhct.org) e a Sociedade Catalã de História da Ciência e Tecnologia (https://schct.iec.cat/ciencia-a-les-places).

Ciclo organizado por Jaume Valentines Álvarez (CIUHCT-UNL) e Jaume Sastre Juan (CIUHCT-UL).